Contribuição ao estudo da influência de radiações ionizantes sobre a côr da Turmalina

Autores

  • João Ernesto de Souza Campos

DOI:

https://doi.org/10.11606/bmffclusp.v0i16.121453

Resumo

O Autor procurou verificar os efeitos relacionados com a côr da turmalina através de irradiações com raios gama e com nêutrons produzidos no reator (IEA — RI) do tipo piscina, de 5 Mw. do Instituto de Energia Atômica, Universidade de São Paulo. Suas observações foram levadas a efeito com turmalinas de coloração rosa, vermelha, verde e azul de diferentes procedências, tôdas do Estado de Minas Gerais. Os resultados de suas observações constam ainda de 15 gráficos correspondentes aos espectros de absorção e de fotografias, apresentadas no trabalho, onde são consignados os efeitos de bombardeamento e, por vezes, os relacionados com posteriores tratamentos térmicos. São também registrados no trabalho observações relacionadas com o tratamento térmico de turmalinas não irradiadas artificialmente, onde o efeito só é notável no que concerne amostras de coloração rosa ou vermelha. Outras observações foram realizadas em turmalinas bicolores exibindo estrutura zonada rosa e verde claro paralela ao pédio basal e estrutura zonada vermelho e verde claro paralela às faces de prisma. Foi ainda observado o comportamento de pedras lapidadas em relação às radiações ionizantes onde verificada a intensificação da tonaldade das turmalinas rosa em função do volume da pedra e do tempo de exposição ao reator Verifica o Autor que a influência dos raios gama é desprezível afetando apenas ligeiramente as turmalinas de côr rosa e vermelha; que a influência de nêutrons é marcada, sendo mais sensivel nas turmalinas mais claras, especialmente nas rosa e vermelha. A tonalidade dessas turmalinas aumenta progressivamente até que, após exposição prolongada, atinge coloração castanho. As turmalinas verdes e azuis mantém suas cores que só se modificam nitidamente quando irradiadas por tempo relativamente grande, quando assumem coloração castanho, embora de tonalidade pouco diversa entre si e diversa das que resultaram de bombardeamento de amostras rosa e vermelhas. Verifica, entretanto, que nas zonas verde muito claro dos exemplares bicolores estudados, o efeito de tratamento com nêutrons pode se traduzir por sensível alteração de cor que pode variar do vermelho ao castanho na razão direta da maior intensidade da coloração verde. No que tange o tratamento térmico sobre turmalinas não irradiadas verifica que só são nitidamente afetadas as turmalinas vermelhas e rosa que, dependendo da temperatura, podem ficar incolores. Em relação ao mesmo tratamento realizado com pedras previamente bombardeadas o mesmo fato pode ocorrer com os exemplares que na fase de pré-irradiação apresentavam cores rosa e vermelha. As verdes e azuis que por radiação ionizante enérgica assumiram coloração castanho, readquiriram, por aquecimento, suas cores originais. Conclui o Autor que a cor das turmalinas estudadas pode não depender de um a só causa agindo isoladamente e que esta pode depender de fenômenos químicos ou físicos ou da associação de ambos; que as côres verde e azul parecem depender exclusivamente de isomorfismo ao passo que as rosa e vermelha parecem depender precipuamente de radioatividade natural e ainda ser possível que a cor de turmalinas e a de outros minerais alocromáticos de procedências diferentes dependa de fator ou fatores diversos. A credita o Autor que a cor das turmalinas rosa e vermelha esteja ligada a centros-de-coloração, admitindo ser possível que o Li tome parte na formação desses centros. Julga ainda que, admitida a origem radioativa dessas côres, medidas as intensidades relativas, ser possível estimar a quantidade de radioatividade externa e, talvez, o seu tempo de ação

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Publicado

1967-12-16

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Contribuição ao estudo da influência de radiações ionizantes sobre a côr da Turmalina. Boletim da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Mineralogia, [S. l.], n. 16, p. 5–81, 1967. DOI: 10.11606/bmffclusp.v0i16.121453. Disponível em: https://revistas.usp.br/bffcluspmineralogia/article/view/121453.. Acesso em: 28 mar. 2024.