Atividade doméstica e socialização: a visão de adolescentes de classes economicamente distintas

Autores

  • Mayara Barbosa Sindeaux Lima Universidade Federal do Pará
  • Fernando Augusto Ramos Pontes Universidade Federal do Pará
  • Simone Souza da Costa Silva Universidade Federal do Pará
  • Júlia Bucher Maluschke Universidade Federal do Pará
  • Celina Maria Colino Magalhães Universidade Federal do Pará
  • Lília Iêda Chaves Cavalcante Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.19881

Palavras-chave:

Socialização, Adolescentes, Tarefas domésticas, Classe econômica

Resumo

A rotina familiar desempenha papel fundamental na socialização e é parte constituinte da cultura íntima da família. Dentre as atividades de rotina, a tarefa doméstica (TD) tem sido apontada como uma das estratégias para investigar tópicos centrais do desenvolvimento humano. Assim, o estudo dos sentidos atrelados a esta atividade pode fornecer indicativos dos processos de socialização. O objetivo desta pesquisa foi conhecer e discutir a visão dos adolescentes de classes economicamente distintas acerca dessa atividade. Participaram dois grupos de adolescentes com idade de 12 a 15 anos, o primeiro caracterizado como baixa renda (GBR), composto por dez participantes, sendo cinco de cada sexo; e o segundo como classe média (GCM), do qual fizeram parte onze adolescentes, três meninas e oito meninos. Os instrumentos utilizados foram: um questionário sócio-demográfico e um roteiro de entrevista semi-estruturado, sendo os dados coletados por meio de dois Grupos Focais. Nos resultados foi identificado que os grupos apresentaram temáticas similares, tais como, diferenciação de gênero, democracia doméstica e aquisição de habilidades. Contudo os sentidos construídos pelo GBR e o GCM acerca das TDs foram em sua maioria diferentes, pois o GBR deu maior ênfase à participação na tarefa doméstica como promotora de sobrevivência familiar e oportunidades desenvolvimentais.

Referências

Bronfenbrenner U. Ecology of the family as a context for human development: Research perspectives: Developmental Psychology.1996; 22:723-742.

Serpell R, Sonnenschein S, Baker L, Ganapathy H. Intimate Culture of Families in the Early Socialization of Literacy (Special Section: Family Routines and Rituals). J Family Psychology. 2002; 16 (4): 91-405.

Boyce WT, Jensen EW, James SA, Peacock JL. The family routines inventory: Theoretical origins. Social Science and Medicine. 1983; 17 (4): 201-211.

Larson RW, Richards MH, Sim B, Dworki J. How Urban African American Young Adolescents Spend Their Time: Timw Budgets for Locations, Activities, and Companionship. Americam J Community Psychology. 2001; 29 (4): 565-593.

Bastos ACS. Modos de partilhar: A criança e o cotidiano da família. Taubaté: Cabral Editora Universitária; 2001.

Moura, W. A família contra a rua: uma análise psicossociológica da dinâmica familiar em condições de pobreza. Em: A Fausto Cervini (org.) Perspectivas futuras. O trabalho e a Rua: Crianças e adolescentes no Brasil urbano dos Anos 80. São Paulo: Cortez/UNICEF/FLACSO;1991. p. 151-194.

Cohen R. Children’s contribution to house holdlabour on three sociocultural contexts: A Southern Indian Village, a Norwegian town and a canadian City. Int J Comparative Sociology. 2001; 42(4):353-367.

Ferreira EAP, Mettel TPL. Interação entre irmãos em situação de cuidados formais. Psicologia Reflexão e Crítica. 1999; 12(1): 133-146.

McHale SE, Bartko WJ, Crouter AC, Perry-Jankins M. Children’s housework and psychosocial functioning: The mediating effects of parent’s sex role behavior and attitudes. Children Developmental; 1990. 61:1314-1326.

Shelton, A. B. The Division of Household Labor. Annu. Rev. Sociol; 1996. 22: 299-322.

Antill JK, Goodnown JJ, Russel G, Cotton S. The influence of parents and family context on children’s involvemnet in household task. Sex Roles: A Journal of Research. 1996; 34(22): p.215-236.

Coltrane S. Research. Household Labor: Modeling and Measuring the Social Embed deadness odf Routine Family Work. J Marriage and the Family. 2000; 62:1208–1233.

Gupta, S. The Consequences of Maternal Employment During Men’s Childhood for their Adult Housework Performance. Gender Society.2006; 20 (1): 60-86.

Cohen R. Children’s contribution to house holdlabour on three sociocultural contexts: A Southern Indian Village, a Norwegian town and a canadian City. Int J Comparative Sociology. 2001; 42(4): 353-367.

Bowes JM, Chalmers D, Flanagan C. Children’s involvement in household work: Views of adolescents in six countries’. Family Matters. 1997; 46: 26-30.

Blasi A. Bridging moral cognition and moral action: A critical review of the literature. Em B. Puka, et al. (Orgs.). Fundamental research in moral development. 1994. p. 123-167. New York: Garland Publishing.

Rest JR. Moral development: Advances in research and theory. New York: Praeger, 1986.

Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 1979.

Minayo, M. C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde.7. ed. São Paulo: Hucitec; 2000.

Lima MBS, Pontes FAR. Tarefas domésticas e socialização na perspectiva de adolescentes de classe economicamente distintas. Rev Científica da UFPA. [periódico online]. 2006. [acesso em 10 de novembro de 2007]. Disponível em.

Punch, S. Household Division of Labour: Generation, Gender, Age, Birth Order and Sibling Composition Work. Employment Society; 2001. 15 (4): 803-823.

Goodnown JJ. Children’s household Work: Its Nature and Functions. Psychological Bulletin;1988. 103 (1): 5-26.

Bastos ACS. O trabalho como estratégia de socialização na infância. Veritat; 2002. 2 (2): 19-38.

Weisner TS, Garnier H, Loucky J. Domestictasks, gender egalitarian values and children’s gender typing in conventional and nonconventional families. Sex Roles: A J Research; 1994. 30: 23-54.

Bowes JM, Chen MJ, San LQ, Yuan L. Reasoning and negotiation about childres ponsibility in urban Chinese families: Reports from mothers, fathers and children. Int J Behavioral Developmen.t; 2004. 28(1): 48-58.

Porto J, Tamayo A. Influência dos Valores Laborais dos Pais sobre os Valores Laborais dos Filhos. Psicologia: Reflexão Crítica; 2006.19 (1): 151-158.

Downloads

Publicado

2008-08-01

Edição

Seção

Pesquisa Original