Valor de predição da ultrassonografia cerebral em recém-nascidos pré-termo para alteração de desenvolvimento neuropsicomotor aos 12 meses de idade corrigida

Autores

  • Roxana Desterro e Silva da Cunha Universidade Federal do Maranhão; Hospital Universitário Materno-Infantil
  • Fernando Lamy Filho Universidade Federal do Maranhão; Hospital Universitário Materno-Infantil
  • Antonio Augusto Moura da Silva Universidade Federal do Maranhão; Departamento de Saúde Pública
  • Zeni Carvalho Lamy Fundação Oswaldo Cruz

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.19978

Palavras-chave:

prematuro, desenvolvimento neuropsicomotor, teste de Denver II, ultrasson transfontanelar

Resumo

OBJETIVO: verificar o valor preditivo da ultrassonografia transfontanelar em recém-nascidos prematuros na determinação das alterações do desenvolvimento neuropsicomotor. MÉTODO: coorte prospectivo. Foram estudados 99 recém-nascidos prematuros com peso de nascimento menor ou igual a 1800 gramas e idade gestacional abaixo de 37 semanas que fizeram ultrassom transfontanelar no período neonatal durante internação em UTI. Para avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor utilizou-se o Teste de Denver II. Na análise bivariada utilizou-se o teste do qui-quadrado e na análise multivariada, regressão logística onde foram detectadas associações entre características sócio-econômicas e a variável resposta. Finalmente foi realizada análise para avaliação de valores preditivos positivos e negativos. RESULTADOS: população composta de crianças com 12 meses de idade corrigida, com média de peso de nascimento de 1320 gramas e idade gestacional média de 31 semanas e 3 dias. Alterações ultra-sonográficas estiveram presentes em 49,4% das crianças. Dos testes realizados, 34,3% tiveram resultados desfavoráveis. Dos fatores de risco para alteração de desenvolvimento, alterações ultra-sonográficas cerebrais e renda familiar mostram-se estatisticamente significantes. O valor preditivo positivo dos exames ultra-sonográficos transfontanelares para alterações de desenvolvimento neuropsicomotor, foi de 51,02 % e o negativo, 82%. Acrescentando-se a variável renda familiar às alterações ultra-sonográficas transfontanelares, o valor preditivo positivo aumentou para 90% e o negativo reduziu-se para 71,91%. CONCLUSÃO: acredita-se que o acréscimo à análise da variável renda familiar é boa alternativa para aumentar a capacidade de predizer o desenvolvimento de prematuros com alterações ultra-sonográficas transfontanelares.

Referências

Volpe JJ. Cerebral white matter injury the premature infant-more common thanthink. Pediatrics 2003; 112: 176-180.

Back SA, Rivkees SA. Emerging concepts in periventricular white matter injury. Semin Perinatol 2004; 28:405-414.

Back SA. Perinatal white matter injury: the changing spectrum of pathology and emerging insights into pathogenetic mechanisms: mental retardation and developmental disabilities. Research Reviews 2006; 12:129-140.

Mello RR, Meio MDBB, Morsch DS, Silva KS, Dutra MVP, Monteiro AV et al. Ultra-sonografia cerebral neonatal normalno prematuro: é possível tranquilizar ospais? J Pediatr. 1999; 75(1): 45-49.

Gherpelli JLD. Achados incomuns na ultra-sonografia de crânio no período neonatal: importância clínica. J Pediatr.2002; 78(5): 355-356.

Vollmer B, Roth S, Baudin J, Stewart AL, Neville BGR, Wyatt JS. Predictors of long-term outcome in very preterm infants: gestacional age versus neonatal cranial ultrasound. Pediatrcs 2003; 112(5): 1108-1114.

O’Shea M. Prognóstico do prematuro de extremo baixo peso. In: Anais do 3ºSimpósio Internacional de Neonatologia, 2002. Rio de Janeiro; 2002.

Jones MW. Perinatal brain injury in the premature infant. Neonatal Network 2003;22: 61-69.

Volpe JJ. Neurology of newborn. 3ª ed. Philadelphia: WB Sauunders; 1995.

Behnke M, Eyler FD, Garvan CW,Tenholder MJ, Wobie K, Woods NS, et al. Cranial ultrasound abnormalities identified at birth: their relationship to perinatal risk and pathogenesis, and prevention. Clin Perinatol 1997; 24(3):567-587.

Frankenburg WK, Josiah D, Archer P,Shapiro H, Bresnick B. The Denver II: a major revision and standardization of the Denver Developmental Screening Test. Pediatrics 1992; 89(1): 91-97.

Tecklin JS. Fisioterapia pediátrica. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2002.

Halpern R, Barros FC, Horta BL, Victora CG. Desenvolvimento neuropsicomotora os 12 meses de idade em uma coorte de base populacional no sul do Brasil: diferenciais conforme peso ao nascer e renda familiar. Cad. Saúde Pública 1996;12: 73-78.

Inder TE, Warfielf SK, Wang H, Hüppi PS, Volpe JJ. Abnormal Cerebral Structure Is Present at Term in Premature Infants. Pediatrics 2005; 115(2): 286-294.

Hallioglu O, Topaloglu AK, Zencioruglu A, Duzovali O, Yilgor E, Saribas S. Denver developmental screening test II for early identification of the infants who will develop major neurological deficit as a sequalea of hypoxic-ischemic encephalopathy. Pediatrics International. 2001; 43(4): 400-404.

Ng PC, Dear PR. The predictive value ofa normal ultrasound scan in the preterm baby: a meta-analysis. Acta Paediatr Scand. 1990; 79: 286-291.

Robel-Tilling E, Hückel D, Vogtmann C. Value of brain ultrasound studies of newborn infants for prediction of neurological development in the 1st year of life. Klin Padiatr 2000; 212(6): 312-317.

Laptook AR, O’Shea TM, Shankaran S. Adverse neurodevelopmental outcomes among extremely low bith weight infants with a normal head ultrasound: prevalence and antecedents. Pediatrics 2005; 115(3):673-680.

Costello AM, Hamilton PA, Baudin J, Townsend J, Bradford BC, Stewart AL et al. Prediction of neurodevelopmental impairment at four years from brain ultrasound appearance of very preterm infants. Dev Med Child Neurol. 1988;30(6):711-722.

De Vries LS, Haastert IV, Rademaker K, Koopman C, Groenendaal F. Ultrasound abnormalities preceding cerebral palsy inhigh-risk preterm infants. J Pediatr. 2004;144:815-820.

Pinto-Martin JA, Riolo S, Cnaan A, Holzman C, Susser MW, Paneth N. Cranial ultrasound prediction of disabling and no disabling cerebral palsy at age two ina low birth weight population. Pediatrics1995; 95: 249-254.

Whitaker AH, Feldman JF, Van Rossem R, Schonfeld IS, Schonfeld IS, Pinto-Martin JA et al. Neonatal crania ultrasound abnormalities in low birth weight infants: relation to cognitive outcomes at six years of age.Pediatrics. 1996; 98(4 Pt 1): 719-729.

Hali EW, Ruth BG, Robert EP. A critical review of cranial ultrasounds: is there a closer association between intraventricular blood, white matter abnormalities or cysts, and cerebral palsy? Clinical Pediatrics1999; 38(6): 319-323.

Pierrat V, Eken P, De Vries LS. The predictive value of cranial ultrasound and of somatosensory evoked potentials after nerve stimulation for adverse neurological outcome in preterm infants. Dev Med Child Neurol 1997; 39(6): 398-403.

Fowlie PW, Tarnow-Mordi WO, Gould CR, Strang D. Predicting outcome in very low birthweight infants using an objective measure of illness severity and cranial ultrasound scanning. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 1998; 78(3): F175-8.

Andrade AS, Santos DN, Bastos AC, Pedromônico MRM, Almeida-Filho N, Barreto ML. Ambiente familiar e desenvolvimento cognitivo infantil: uma abordagem epidemiológica. Rev. Saúde Pública 2005; 39(4): 606-611.

Halpern R, Giugliani ERJ, Victora CG. Fatores de risco para suspeita de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor aos 12meses de vida. Rev. Chil. Pediatr. 2000;73(5): 529-539.

Sameroff AJ. Environmental Risk Factors Infancy. Pediatrics 1998;102(5): 1287-1292.

Moura SM, Mendes JE. Estudo Epidemiológico sobre hipertensão numa comunidade ribeirinha de Ponta Azul, Ceará. Rev C S Co . 2006 jan.

Grantham-Mcgregor SM, Lira PIC, Ashworth A, Morris SS, Assuncao AMS. The development of low birth weight term infants and the effects of the environmental north east Brazil. J Pediatr. 1998; 132(4):661-6.

Ballard JL, Khoury JC, Wedig K, WangL, Eilers-Walsman BL, Lipp R. New Ballard score, expanded to include extremely premature infants. J Pediatr.1991; 119: 417-423.

Alexander GR, Tompkins ME, Cornely DA. Gestational age reporting and preterm delivery. Public Health Rep. 1990;105:267-275.

Lombardi C, Bronfman M, Facchini LA,Victora CG, Barros FC, Béria JU et al. Operacionalização do conceito de classe social em estudos epidemiológicos. Rev. Saúde Pública 1988; 22(4): 253-65.

Battaglia FC, Lubchenco LO. A practical classification of newborn infants by weight and gestacional. J Pediatr. 1967;71: 159-163.

Pierrat V, Eken P, De Vries LS. Ultrassound diagnosis and neurodevelopmental outcome of localized and extensive cystic periventricular leucomalacia. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 2001; 84(3): 151-156.

De Vries LS, Eken P, Dubowitz LMS. The spectrum of leukomalacia using cranial ultrasound. Behav Brain Res 1992; 49(1):1-6.

Meisels SJ. Can Developmental Screening Tests Identify Children Who Are Developmentally At Risk? Pediatrics1989; 83:578-585.

Halpern R, Barros FC, Horta BL, Victora CG. Desenvolvimento neuropsicomotor aos 12 meses de idade em uma coorte de base populacional no sul do Brasil: diferenciais conforme peso ao nascer e renda familiar. Cad. Saúde Pública 1996;12: 73-78.

Magalhães LC, Barbosa VM, Araújo AR, Paixão ML, Figueiredo ML, Figueiredo EM et al. Análise e desempenho de crianças pré-termo no Teste de Desenvolvimento de Denver nas idades de12,18 e 24 meses. J Pediatr. 1999; 21(4):330-339.

Frances PG, Karen EB, Linda GA, Katherine LJ, Bernard C, Bryan S. Accuracy of the Denver-II in Developmental Screening. Pediatrics1992; 89: 1221-1225.

Appleton RE, Lee REJ, Hey EM. Neurodevelopmental outcome of transient neonatal. Arch Dis Child 1990; 65:27-29.

Hallioglu O, Topaloglu A, Zenciroglu A, Suzovali O, Yilgor E, Sariba S. Denver developmental screening test II for early identification of the infants who will develop major neurological deficit as a sequalea of hypoxic-ischemic encephalopathy. Pediatrics International2008; 43(4): 400-404.

Pereira MG. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan; 1995.

LeFlore JL, Broyles RS, Pritchard MA, Engle WD, Value of Neurosonography in Predicting Subsequent Cognitive and Motor Development in Extremely Low Birth Weight Neonates. J. Perinatology. 2003; 23:629-634.

Mello R, Dutra MVP, Silva KS, Lopes JMA. Valores de predição e avaliação neurológica e ultrassonográfica neonatal em relação ao desenvolvimento de prematuros de muito baixo peso. Rev. Saúde Pública. 1998; 32(5): 420-429.

Dubowitz LMS, Dubowitz V, Palmer PG, Miller G, Fawer CL, Levene MI. Correlation of neurologic assessment in the preterm newborn infant with outcome eat 1 year. J Pediatr. 1984; 105(3): 452-456.

Lamy Filho F, Medeiros SM, Lamy ZC, Moreira MEL. Ambiente domiciliar e alterações do desenvolvimento em crianças de comunidade da periferia de São Luís MA. Rev C S Col. 2009;1: 0585-2008.

Cachapuz R, Halpern R. A influência das variáveis ambientais no desenvolvimento da linguagem em uma amostra de crianças. Rev AMRIGS 2006; 50(4): 292-301.

Meió MDBB, Lopes CS, Morsch DS, Monteiro APG, Rocha SB, Borges RA. Desenvolvimento cognitivo de criançasprematuras de muito baixo peso na idade pré-escolar. J. Pediatr 2004; 80:495-502.

Downloads

Publicado

2010-12-01

Edição

Seção

Pesquisa Original