Representação social do lúdico no hospital: o olhar da criança

Autores

  • Naidhia Alves Soares Ferreira Faculdade de Medicina do ABC
  • Joana D’arc Esmeraldo Faculdade de Juazeiro do Norte
  • Marcia de Toledo Blake Faculdade de Medicina do ABC
  • Jennifer Yohanna Ferreira de Lima Antão Faculdade de Juazeiro do Norte,
  • Rodrigo Daminello Raimundo Faculdade de Medicina do ABC
  • Luiz Carlos Abreu Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina do ABC

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.81171

Palavras-chave:

ludicidade, saúde da criança, hospitalização, representaçõesociais

Resumo

Introdução: o brincar tem se tornado objeto de estudo nos diversos setores da sociedade, sendo considerado como uma atividade espontânea inata ao ser humano e necessário ao desenvolvimento infantil físico, social, emocional e cognitivo, facilita comunicação, ajuda na socialização e adaptação a ambientes e pessoas. Quando hospitalizadas, as criança se sentem vulneráveis, com pessoas desconhecidas, procedimentos invasivos e dolorosos, e a limitação das atividades exercidas por ela, tendem a tornar a situação pior. Objetivos: descrever a percepção da criança, acerca do lúdico no ambiente hospitalar e verificar a representação social da brinquedoteca para as crianças internadas a partir da técnica de Desenho-Estória com tema. Método: tratou-se de um estudo qualitativo e exploratório que utilizou como instrumento de coleta de dados a técnica do Desenho – Estória com tema, tendo como sujeitos 12 crianças com idade entre 06 e 11 anos. A análise dos dados foi realizada a partir da discussão com subsídios teóricos estudados, além da observação dos pesquisadores, que possibilitou encontrar respostas ao problema pesquisado, estabelecendo as relações necessárias entre os dados obtidos e as hipóteses
formuladas. Resultados: para as crianças o lúdico no contexto hospitalar estava ligado ao espaço da brinquedoteca, de forma que, a maior parte relatou que não brincavam no quarto, ou em qualquer outro local do hospital. Logo, sua representação social para as crianças foi identificada como um lugar onde acontece socialização, recuperação, onde se pode manipular imaginariamente o ambiente para aproximar-
se da realidade cotidiana, ou transformar a situação vivenciada em algo familiar. Percebeu-se que a ludicidade mudam as idéias previamente formadas pela criança sobre o hospital, passando este, a ser percebido como um espaço que proporciona bem-estar e prazer, e onde se pode brincar. O desenho contextualiza e revela simbolicamente a situação de hospitalização, além de apresentar-se como elemento
estruturante para a criança do ponto de vista emocional. Conclusões: a brinquedoteca é capaz de aumentar a adaptação da criança à nova situação que vivencia, e inclusive atuar sobre o restabelecimento de sua saúde. Por fim, constatamos que o lúdico é fator de proteção para crianças durante a hospitalização. Embora a obrigatoriedade da presença das brinquedotecas hospitalares em instituições de saúde com atendimento pediátrico seja um grande avanço para as políticas públicas, há ainda alguns desafios que necessitam ser superados, dentre eles a necessidade de engajamento dos profissionais de saúde e estabelecimento de uma rotina de funcionamento.

Biografia do Autor

  • Naidhia Alves Soares Ferreira, Faculdade de Medicina do ABC

    Laboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica. Departamento de Saúde da Coletividade. Disciplina de Metodologia Científica. Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, SP. Brasil.

  • Joana D’arc Esmeraldo, Faculdade de Juazeiro do Norte
    Curso de Enfermagem, Faculdade de Juazeiro do Norte, Juazeiro do Norte, CE. Brasil.
  • Marcia de Toledo Blake, Faculdade de Medicina do ABC
    Laboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica. Departamento de Saúde da Coletividade. Disciplina de Metodologia Científica. Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, SP. Brasil.
  • Jennifer Yohanna Ferreira de Lima Antão, Faculdade de Juazeiro do Norte,
    Enfermeira especialista em Saúde da Família pela Faculdade de Juazeiro do Norte, Juazeiro do Norte, CE. Brasil.
  • Rodrigo Daminello Raimundo, Faculdade de Medicina do ABC

    Laboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica. Departamento de Saúde da Coletividade. Disciplina de Metodologia Científica. Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, SP. Brasil.

  • Luiz Carlos Abreu, Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina do ABC

    Departamento de Saúde Materno-infantil. Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

    Laboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica. Departamento de Saúde da Coletividade. Disciplina deMetodologia Científica. Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, SP. Brasil.

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Publicado

2014-06-01

Edição

Seção

Artigos Originais