Bela, recatada e do bar

memes de internet, política e gênero

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1982-677X.rum.2020.163686

Palavras-chave:

Feminismo, Memes da internet, Democracia

Resumo

Neste artigo, a partir da observação das reações nos sites de redes sociais à reportagem publicada pela Veja, em 18 de abril de 2016, intitulada “Bela, recatada e do lar”, interessa-nos compreender como as internautas operacionalizaram crítica ironizando os adjetivos empregados para qualificar Marcela Temer. As cenas discursivas, construídas pelas mulheres que acionam a tríade de palavras da manchete, mobilizam questões caras ao feminismo, como o debate sobre a relação público/ privado e horizontes em que a autonomia e autodeterminação das mulheres se constroem. Para testar essa hipótese, foram coletadas e analisadas imagens publicadas no Tumblr.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Rayza Sarmento, Universidade Federal de Viçosa

    Professora adjunta da Universidade Federal de Viçosa. Doutora em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais.

  • Viktor Chagas, Universidade Federal Fluminense

    Professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF). Membro associado do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD). Doutor em História, Política e Bens Culturais (Cpdoc/FGV), com estágio pós-doutoral com bolsa CNPq de Pós-Doutorado Jr. pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Referências

ALDÉ, A. O internauta casual: notas sobre a circulação da opinião política na internet. Revista USP, São Paulo, n. 90, p. 27-41, 2011.

ALVAREZ, S. Para além da sociedade civil: reflexões sobre o campo feminista. Cadernos Pagu, Campinas, n. 43, p. 13-56, 2014.

BANET-WEISER, S.; MILTNER, K. #MasculinitySoFragile: culture, structure, and networked misogyny. Feminist Media Studies, Londres, v. 16, n. 1, p. 171-174, 2016.

BEASLEY, M. Looking Ahead. In: BEASLEY, M. First ladies and the press: the unfinished partnership of the media age. Evanston: Northwestern University Press, 2005. p. 237-258.

BENNETT, W. L. When politics becomes play. Political Behavior, Berlim, v. 1, n. 4, p. 331-359, 1979.

BENNETT, W. L.; SEGERBERG, A. The logic of connective action. Information, Communication & Society, Londres, v. 15, n. 5, p. 739-768, 2012.

BERGER, A. A. An anatomy of humor. Nova Jersey: Transaction Publishers, 2012.

BIROLI, F. Autonomia e desigualdade de gênero: contribuições do feminismo para a crítica democrática. Vinhedo: Horizonte, 2013.

BIROLI, F. Família: novos conceitos. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2014.

CARNEY, N. All Lives Matter, but so does race: Black Lives Matter and the evolving role of social media. Humanity & Society, Thousand Oaks, v. 40, n. 2, p. 180-199, 2016.

CHAGAS, V.; FREIRE, F.; RIOS, D.; MAGALHÃES, D. A política dos memes e os memes da política: proposta metodológica de análise de conteúdo de memes dos debates eleitorais de 2014. Intexto, n. 38, p. 173-196, 2017.

CHAGAS, V.; TOTH, J. Monitorando memes em mídias sociais. In: SILVA, T.; STABILE, M. (orgs.). Monitoramento e pesquisa em mídias sociais: metodologias, aplicações e inovações. São Paulo: Uva Limão, 2016.

DAWKINS, R. The selfish gene. Oxford: Oxford University Press, 1976.

EDWARDS, J.; CHEN, H. R. The first lady/first wife in editorial cartoons: rhetorical visions through gendered lenses. Women’s Studies in Communication, Boulder, v. 23, n. 3, p. 367-391, 2000.

FINNEMAN, T.; THOMAS, R. First ladies in permanent conjuncture: grace coolidge and “great” American womanhood in the New York Times. Women’s Studies in Communication, Boulder, v. 37, n. 2, p. 220-236. 2014.

GOMES, C.; SORJ, B. Corpo, geração e identidade: a Marcha das Vadias no Brasil. Revista Sociedade e Estado, Brasília, DF, v. 29, n. 2, p. 433-447, 2014.

HEILBORN, M. L. Corpo, sexualidade e gênero. In: DORA, D. D. (org.). Feminino masculino: igualdade e diferença na justiça. Porto Alegre: Sulina, 1997. p. 47-57.

HOPKE, J. Hashtagging politics: transnational Anti-Fracking Movement Twitter practices. Social Media + Society, Thousand Oaks, v. 1, n. 2, p. 1-12, 2015.

LAURO, I. Blackout Day: um estudo sobre novas formas de engajamento online. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Estudos de Mídia) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro, 2016.

MIGUEL, L. F.; BIROLI, F. Feminismo e política: uma introdução. São Paulo: Boitempo, 2014.

MOSS, R. #FeministsAreUgly – women take selfies to prove feminists can be hot, but aren’t they missing the point? Huffington Post, Nova York, 8 ago. 2014. Disponível em: http://bit.ly/2qg0Q29. Acesso em: 30 abr. 2017.

OKIN, Susan. Justice, gender, and family. Nova York: Basic Books, 1989.

PAPACHARISSI, Z.; OLIVEIRA, M. F. Affective news and networked publics: the rhythms of news storytelling on #Egypt. Journal of Communication, Oxford, v. 62, n. 2, p. 266-282, 2012.

PATEMAN, C. O contrato sexual. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.

PHILLIPS, W. A casa que a Fox construiu: Anonymous, espetáculo e ciclos de amplificação. In: CHAGAS, V. A cultura dos memes: aspectos sociológicos e dimensões políticas de um fenômeno do mundo digital. Salvador: Edufba, 2020.

PINTO, C. Uma História do feminismo no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003.

RENTSCHLER, C.; THRIFT, S. Doing feminism in the network: networked laughter and the ‘Binders Full of Women’ meme. Feminist Theory, Thousand Oaks, v. 16, n. 3, p. 329-359, 2015.

ROSS, K. Women, politics, media: uneasy relations in comparative perspectives. Nova York: Hampton Press, 2002.

SANDVOSS, C. Toward an understanding of political enthusiasm as media fandom: blogging, fan productivity and affect in American politics. Participations, Newcastle, v. 10, n. 1, p. 252-296, 2013.

SARMENTO, R. Das sufragistas às ativistas 2.0: feminismo, mídia e política no Brasil (1921 a 2016). 2017. Tese (Doutorado em Ciência Política) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2017.

SCHARRER, E.; BISSELL, K. Overcoming traditional boundaries. Women, Politics & Policy, Londres, v. 21, n. 1, p. 55-83, 2000.

SHIFMAN, L. An anatomy of a YouTube meme. New Media & Society, Thousand Oaks, v. 14, n. 2, p. 187-203, 2012.

SHIFMAN, L. Memes in digital culture. Cambridge: MIT Press, 2014.

SOSA-ABELLA, M.; REYES, R. Political humor in comic strips: a comparative analysis between Oriental and Occidental approaches. International Journal of Cultural Studies, Thousand Oaks, v. 18, n. 2, p. 243-259, 2014.

TAY, G. Binders full of LOLitics: political humour, internet memes, and play in the 2012 US Presidential Election (and Beyond). European Journal of Humour Research, Krakow, v. 2, n. 4, p. 46-73, 2014.

TAY, G. Embracing LOLitics: popular culture, online political humor, and play. 2012. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – University of Canterburry, Chrischurch, 2012.

TEMPLIN, C. Hillary Clinton as threat to gender norms: cartoon images of the first lady. Journal of Communication Inquiry, Thousand Oaks, v. 23, n. 1, p. 20-36, 1999.

WATSON, R. Incorporating the first ladies into the classroom. The Social Studies, Filadélfia, v. 89, n. 4, p. 165-170, 1998.

YOUNG, I. Justice and the politics of difference. Princeton: Princeton University Press, 1990.

Downloads

Publicado

2020-07-16

Edição

Seção

Dossiê

Como Citar

Bela, recatada e do bar: memes de internet, política e gênero. RuMoRes, [S. l.], v. 14, n. 27, p. 124–149, 2020. DOI: 10.11606/issn.1982-677X.rum.2020.163686. Disponível em: https://www.periodicos.usp.br/Rumores/article/view/163686.. Acesso em: 28 mar. 2024.