Aplicações da arqueometria no mobiliário de São Paulo do século XVIII

análises indiciárias e contextualização histórica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-02672019v27e10d1

Palavras-chave:

História de São Paulo, Cultura Material, Arqueometria, Espectroscopia de Fluorescência de Raios X por Dispersão de Energia (ED-XRF), Mobiliário

Resumo

Neste artigo, são apresentados os resultados dos exames arqueométricos de Física aplicada sobre duas peças de mobiliário do acervo do Museu Paulista, uma arcacofre e uma cadeira de couro de sola feitas por volta do século XVIII. As técnicas de análise utilizadas foram o ED-XRF e o imageamento com fluorescência de luz ultravioleta. As análises interdisciplinares tiveram por objetivo identificar os materiais com os quais as peças foram compostas, evidenciando informações históricas sobre a produção moveleira na cidade de São Paulo no século XVIII e princípios do XIX. Os resultados obtidos permitiram identificar parte dos materiais usados na pintura da arca-cofre, como o branco de chumbo e o vermelhão (ou Cinabre), no couro curtido da cadeira e nas partes metálicas de ferro e latão de ambas as peças, ainda que outros procedimentos ainda necessitem ser aplicados para a obtenção de resultados sobre outros materiais. As informações obtidas com as fontes materiais foram confrontadas com dados de documentação textual mais abrangente, como listas de compras de tintas, relatos de viagem e manuais artísticos da época, de maneira a permitir a contextualização da vida material e econômica da cidade, revelando sua dinamicidade e as intrincadas redes comerciais em que estava imbricada.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Rogério Ricciluca Matiello Félix, Universidade de São Paulo / São Paulo, SP, Brasil

    Bacharel e Licenciado em História pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre pelo Programa de PósGraduação em História Social no Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas/USP.

  • Márcia de Almeida Rizzutto, Universidade de São Paulo /São Paulo, SP, Brasil

    Professora do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP). Coordenadora do “Núcleo de Pesquisa de Física Aplicada ao Estudo do Patrimônio Artístico e Histórico (NAP-FAEPAH)”, possui especial interesse em estudos de objetos do patrimônio cultural com análises não destrutivas com metodologias física e química (http://www.usp. br/faepah/).

Referências

FONTES MANUSCRITAS

ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Fundo Câmara. Série Documentos Avulsos. Caixa 41.

ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Fundo Câmara. Série Assunto Diversos. Livro 286. Fl. 10v.

ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Fundo Câmara Municipal. Série Receita e Despesa. Livro 1656, fl. 127.

ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO. Coleção Papéis do Brasil. Cleto, Marcelino Pereira. “Dicionário da capitania de São Paulo”, vol. I. [microfilmado]. PT/TT/PBR/11.

ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Maços de população ,1825. Disponível em: <https://bit.ly/2p33Sn3>. Acesso em: 10 dez. 2016.

RODRIGUES, José Wasth. Descrições de mobiliário. São Paulo: Museu Paulista, 1948. Datilografado e rubricado. Acervo online do Museu Paulista. Disponível em: <https://bit.ly/2Nuz5xg>. Acesso em: 10 ago. 2018.

FONTES IMPRESSAS

ANDRADA, Martim Francisco Ribeiro. Jornais de Viagem pela Capitania de São Paulo, 1803. Roteiros e notícias de São Paulo colonial: 1751-1804. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 1977.

ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Documentos Interessantes para a História e Costumes de São Paulo. São Paulo: Casa Eclética, Vol. 72, 1952. (Ofícios do Morgado de Mateus).

CLETO, Marcelino Pereira. Dissertação a Respeito da Capitania de São Paulo, sua decadência e modo de restabelece-la. 1782. CLETO, Marcelino Pereira et al. Roteiros e notícias de São Paulo colonial: 1751-1804. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 1977.

LIVROS, ARTIGOS E TESES

ANGELINI, Ivana; ARTIOLI, Gilberto. Scientific Methods and Cultural Heritage: An Introduction to the Application of Materials Science to Archaeometry and Conservation Science. Oxford: Oxford University, 2010.

APPADURAI, Arjun (org.). A vida social das coisas: as mercadorias sob uma perspectiva cultural. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2008.

APPOLONI, Carlos Roberto e SILVA, Wislley Dueli da. Pigmentos: propriedades físicas, químicas e o período histórico de utilização. Londrina: Publicação Técnica do Laboratório de Física Nuclear Aplicada, Volume 13, Número 1, 1a Edição, Outubro de 2009.

AUSLANDER, Leora. Taste and Power: furnishing modern France. Berkeley: University of Berkeley, 1996.

BACELLAR, Carlos de Almeida Prado. Viver e sobreviver em uma vila colonial – Sorocaba, séculos XVIII e XIX. São Paulo: Annablume/Fapesp, 2001.

BLAJ, Ilana. A trama das tensões: o processo de mercantilização de São Paulo colonial (1681- 1721). São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP; Fapesp, 2002.

BORREGO, Maria Aparecida de Menezes. A teia mercantil: negócios e poderes em São Paulo colonial (1711-1765). São Paulo: Alameda; Fapesp, 2010a.

BORREGO, Maria Aparecida de Menezes. Laços familiares e aspectos materiais da dinâmica mercantil na cidade de São Paulo (séculos XVIII e XIX). An. mus. paul., São Paulo , v. 18, n. 1, p. 11-41, Junho 2010b.

BORREGO, Maria Aparecida de Menezes; FELIX, Rogério Ricciluca Matiello. Ambientes domésticos e dinâmicas sociais em São Paulo colonial. Rev. Hist. (São Paulo), São Paulo, n. 175, p. 91-132, dez. 2016.

BRANDÃO, Angela. Anotações para uma história do mobiliário brasileiro do século XVIII. Revista CPC (USP), vol. 9, 2009-2010, p.42-64.

BRAUDEL, Fernand. Civilização material, economia e capitalismo − séculos XV-XVIII. São Paulo: Martins Fontes, 1995 (Vol. 2: As estruturas do cotidiano).

BRAUDEL, Fernand. Civilização Material, Economia e Capitalismo – séculos XV-XVIII. São Paulo: Martins Fontes, 1998 (Vol. 1: Os Jogos das trocas).

BRUNO, Ernani da Silva. História e tradições da cidade de São Paulo. São Paulo: Hucitec, 1991 (Vol. 1: Arraial de sertanistas, 1554-1828).

CABRAL, Diogo de Carvalho. Na Presença da Floresta: Mata Atlântica e História Colonial. Rio de Janeiro: Garamond/FAPERJ, 2014.

CANTI, Tilde. O móvel no Brasil: origens, evolução e características. Rio de Janeiro: Candido Guinle de Paula Machado, 1980.

CAPOTE, Roberto; LOPEZ, Ernesto; MAINEGRA, Ernesto. WinQXAS Manual (Quantitative X ́Ray Analysis System for Windows) Version 1.2. Austria: IAEA, 2000.

CARVALHO, Mônica Muniz Pinto de. A cidade de São Paulo no século XVIII. Uma sociabilidade constituída em torno de símbolos do poder. 1994. Dissertação (Mestrado) – FFLCH-USP. São Paulo, 1994.

CASTELLANO, Alfredo; MARTINI, Marco; SIBILIA, Emanuela. Elementi di archeometria. Metodi fisici per i beni culturali. Milão: EGEA, 2007.

CIANCIARULO, Adriana Quilici Barreto. Materiais usados como pigmento no período colonial brasileiro. 2014. Dissertação (Mestrado em História da Ciência) – PUC-SP. São Paulo, 2014.

CRUZ, João António. A proveniência dos pigmentos utilizados em pintura em Portugal antes da invenção dos tubos de tintas: problemas e perspectivas. In: SERRÃO, Vítor et al., As Preparações na Pintura Portuguesa. Séculos XV e XVI. Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2013.

ELLIS Jr., Alfredo; ELLIS, Myriam. A economia paulista no século XVIII. São Paulo: Boletim da Civilização Brasileira, n.11, 1950.

GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. 2a ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

HAMEISTER, Martha Daisson. O Continente do Rio Grande de São Pedro: os homens, suas redes de relações e suas mercadorias semoventes (c.1727-c.1763). Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2002.

HELLMAN, Mimi. Introduction. In: KODA, Harold; BOLTON, Andrew (eds.).Dangerous Liaisons: Fashion and Furniture in the Eighteenth Century. New Haven: Yale University, 2005.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Monções e Capítulos da expansão paulista. Organização de Laura de Mello e Souza e André Sekkel de Cerqueira. Notas de André Sekkel de Cerqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.

INGOLD, Tim. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. Horiz. antropol., Porto Alegre , v. 18, n. 37, p. 25-44, Jun. 2012.

LISBOA, Maria da Graça Portela ; GONÇALVES, Carlos Alberto Orellana. O adorno como objeto simbólico de um habitus de classe. In: INTERCOM, 2011, Recife-PE. INTERCOM NACIONAL 2011, 2011.

LUSTOSA, I. Projetos para uma pátria imaginada: o Brasil de José Bonifácio e Hipólito da Costa. Teresa, n. 12-13, p. 160-173, 23 dez. 2013.

MACHADO, Alcântara. Vida e morte do bandeirante. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1980.

MARANHO, Milena Fernandes. A opulência relativizada: significados econômicos e sociais dos níveis de vida dos habitantes da região do Planalto de Piratininga, 1648-1682. Dissertação (Mestrado) – UNICAMP. Campinas, 1999.

MARCONDES, Renato Leite. Formação da rede regional de abastecimento do Rio de Janeiro: a presença dos negociantes de gado (1801-1811). Topoi, Rio de Janeiro, mar. 2001.

MAYER, Ralph. NAZARETH, Christine (trad). Manual do artista: de técnicas e materiais. 2a ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

MENESES, Ulpiano Bezerra de. Do teatro da memória ao laboratório da História: a exposição museológica e o conhecimento histórico. Anais do Museu Paulista, n. 1 v. 2, 1994.

MORESI, Claudina M. D. Materiais usados na decoração de esculturas em madeira policromada no período colonial em Minas Gerais. Revista Imagem Brasileira, 1 de 2007.

MOUTINHO, Stella Rodrigo Octavio; PRADO, Rúbia Braz Bueno do.; LONDRES, Ruth Rodrigo Octavio. Dicionário de artes decorativas e decoração de interiores. Rio de Janeiro: Lexikon, 2011.

OSORIO, Helen. O Império Português no Sul da América: estancieiros, lavradores e comerciantes. Porto Alegre: UFRGS, 2007.

PATROCÍNIO, Sandra de Oliveira Franco. José Bonifácio de Andrada e Silva e os estudos químico-mineralógicos: uma vida perpassada por compromissos com o ensino e a sociedade. 2015. Dissertação (Mestrado em Química) – Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora, 2015.

PEREIRA, Danielle Manoel dos Santos. A pintura ilusionista no Meio Norte de Minas Gerais – Diamantina e Serro – e em São Paulo – Mogi das Cruzes (Brasil). 2012. Dissertação (Mestrado em Artes Visuais) – Instituto de Artes da UNESP. São Paulo, 2012.

PEREIRA, Danielle Manoel dos Santos. Autoria da Pinturas Ilusionistas do Estado de São Paulo: São Paulo, Itu e Mogi das Cruzes (Brasil). 2017. Tese (Doutorado em ARTES) – UNESP. São Paulo, 2017.

PEREIRA, Franklin. O couro lavrado no mobiliário artístico de Portugal. Lisboa: Lello Editores, 2000.

POULIOT, Bruno P.; MASS, Jennifer; KAPLAN, Lara. Using XRF for the identification of Chrome tanning in leather. American Institute for Conservation 43rd Annual Meeting. 2015. Disponível em: https://bit.ly/2N6n4Pe. Acesso em: 3 Out. 2016.

REIS Filho, Nestor Goulart. O caminho do Anhanguera. São Paulo: Via das Artes, 2014.

RIBA, Maria. Teresa. Llado.; MIRÓ, Eva Pascual. O couro: as técnicas para criar objectos de couro explicadas com rigor e clareza. Lisboa: Editorial Estampa, 2007.

RIZZUTTO, Marcia Almeida. Métodos físicos e químicos para estudo de bens culturais. Revista Cadernos do Ceom, v. 28, n. 43 , 2015. p. 67-76.

ROCHE, Daniel. História das coisas banais: nascimento do consumo nas sociedades tradicionais (XVII-XIX). Rio de Janeiro: Rocco, 2000.

RODRIGUES, José Wasth. Mobiliário. As Artes plásticas no Brasil. Coleção brasileira de ouro. Rio de Janeiro: Ed. de Ouro, 1968. p. 92.

ROSADO, Alessandra. História da arte técnica: um olhar contemporâneo sobre a práxis das ciências humanas e naturais no estudo de pinturas sobre tela e madeira. 2011. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Belo Horizonte. Belo Horizonte, 2011.

SANDÃO, Arthur de. O móvel Pintado Português. Barcelos: Companhia Editora do Minho, 1966.

SANTI, Maria Angélica. Mobiliário no Brasil: origens da produção e da industrialização. São Paulo: Senac, 2013.

SARMENTO, Therezinha de Moraes. Um preguiceiro no Museu Histórico Nacional. Anais do Museu Histórico Nacional, vol. XXI. Rio de Janeiro, MEC, p. 43-52. 1969

SERRÃO, Vítor et al. As Preparações na Pintura Portuguesa. Séculos XV e XVI. Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2013.

SINKANKAS, J. Gemstone and mineral data book. Nova York: Collier Macmillan, 1974. p. 204., Apud MORESI, Claudina M. D. “Materiais usados na decoração de esculturas em madeira policromada no período colonial em Minas Gerais.” Revista Imagem Brasileira, 1 de 2007.

TAUNAY, Affonso de E. São Paulo nos primeiros anos (1554-1601): Ensaio de reconstituição social. Tours: Imprenta de Arrault et cia., 1920.

TAUNAY, Affonso de E. Historia da Cidade de São Paulo no Século XVIII. SP: Imprensa Oficial, tomo 3, capítulo XI, 1931.

TAUNAY, Affonso de E. Historia da cidade de São Paulo no século XVIII. SP: Imprensa Oficial, vol.1 parte 2. 1931

TRINDADE, Jaelson Bitran. O império dos mil anos e a arte do "tempo barroco": a águia bicéfala como emblema da Cristandade. An. Mus. Paul., São Paulo, v. 18, n. 2, p. 11-91, Dez. 2010.

SITES

Acervo online do Museu Paulista. Disponível em: <https://bit.ly/2Nuz5xg>. Acesso em: 10 ago. 2018.

FONTES TRIDIMENSIONAIS

Arca-cofre. RG 1-05-03-000-03242-00-00.

Cadeira de sola. RG 1-05-02-000-00055-00-00

Publicado

2019-12-03

Edição

Seção

Museus/Dossiê: Métodos interdisciplinares de análise em acervos museológicos

Dados de financiamento

Como Citar

FÉLIX, Rogério Ricciluca Matiello; RIZZUTTO, Márcia de Almeida. Aplicações da arqueometria no mobiliário de São Paulo do século XVIII: análises indiciárias e contextualização histórica. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 27, p. 1–44, 2019. DOI: 10.1590/1982-02672019v27e10d1. Disponível em: https://www.periodicos.usp.br/anaismp/article/view/150228.. Acesso em: 19 abr. 2024.