Feminismo negro: pedagogias, epistemologias, ético-políticas e métodos. Entrevista com Christen A. Smith
DOI:
https://doi.org/10.1590/S1678-4634202248002002Palavras-chave:
Feminismo negro, Epistemologias, Perspectivas teórico-metodológicas, Mulheres negras, Violência antinegraResumo
Christen Smith é antropóloga, professora da Universidade do Texas (Austin) e pesquisadora de temas como violência de Estado, racismo antinegro, seus efeitos sobre comunidades e mulheres negras e, ainda, formas culturais e movimentos sociais que procuram fazer frente a tal violência; a professora também pesquisa a contribuição intelectual de mulheres negras nas Américas. A pesquisa de seu doutorado foi realizada em Salvador (BA – Brasil), e marcou o início da longa relação que a professora tem com o país. Na entrevista que nos concedeu, Christen nos contou sobre sua trajetória de formação, não apenas em sentido disciplinar, mas compartilhando de modo bastante vivo como foi tomando posições éticas e políticas no interior de uma cultura acadêmica marcada pela supremacia branca, encontrando interlocutoras (de ontem e hoje) e constituindo uma voz, indissociável da comunidade de mulheres, escritoras e pesquisadoras negras que lhe acompanham. De modo generoso, a professora também partilhou preocupações e dilemas em seu trabalho de campo, sublinhando o processo de estar com as comunidades nas quais realizava sua pesquisa (nos ônibus, nas ruas, nas acomodações ao longo de viagens) e de aprender com aqueles e aquelas que, ao fazer frente aos desafios cotidianos da violência de Estado, produzem conhecimentos sobre a situação. Conversamos também sobre o ciclo de levantes contra o racismo nos Estados Unidos da América e no Brasil (além de outros países), que ocorreu em meio à pandemia provocada pelo Sars-Cov-2. Christen chamou a atenção para a reiteração de casos de violência e para como devemos examiná-los de modo a tornar visíveis as operações da antinegritude em nível transnacional. Concluímos a entrevista em torno do projeto Cite Mulheres Negras, iniciado pela professora, que tem como objetivo enfrentar as políticas de apagamento e não reconhecimento da voz e da autoria de mulheres negras.
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Referências
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