“A gente já nasce travesti: o processo de transformações das travestilidades e violências nas narrativas de travestis aprisionadas no Ceará

Autores

  • Francisco Elionardo de Melo Nascimento Universidade Estadual do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.11606/hbyf0f20

Palavras-chave:

gênero, sexualidade, travestilidade, violência

Resumo

O objetivo deste artigo é discutir o processo de transformações corporais, subjetivas e violências nas narrativas de travestis que tiveram suas trajetórias de vida atravessadas pela experiência do aprisionamento. Trata-se do recorte de uma pesquisa etnográfica mais ampla que discutiu o aprisionamento de travestis no Ceará (NASCIMENTO, 2018). Aqui, me remeterei às vivências das travestis implicadas no processo de transformações das travestilidades e as violências em decorrência da transgressão aos padrões de gênero e de sexualidade. Com isso, pretendo pôr em discussão as múltiplas “tecnologias de gênero” (LAURETIS, 1994) utilizadas pelas travestis para a produção de seus corpos e subjetividades, mas também as “precariedades” (BUTLER, 2016b) que atravessam suas vidas por transgredirem as normas de gênero e sexuais.

Biografia do Autor

  • Francisco Elionardo de Melo Nascimento, Universidade Estadual do Ceará

    Doutorando e Mestre em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual do Ceará (PPGS/UECE), Agente Penitenciário do Ceará e Membro do Laboratório de Estudos, Conflitualidades e Violência (COVIO).

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Publicado

2018-12-28

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Nascimento, F. E. de M. (2018). “A gente já nasce travesti: o processo de transformações das travestilidades e violências nas narrativas de travestis aprisionadas no Ceará. Ponto Urbe, 23, 1-18. https://doi.org/10.11606/hbyf0f20