Direitos Humanos e suas circulações extra-legais: algumas reflexões antropológicas

Autores

  • Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer Universidade de São Paulo
  • Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/g7qw1b40

Palavras-chave:

direitos humanos, antropologia do direito, sujeitos coletivos, redes, ética

Resumo

A partir de reflexões antropológicas sobre os Direitos Humanos, abordo três questões que animaram minha participação no Workshop Global Phenomena and Social Sciences realizado na Université Jean Moulin - Lyon 3, em 4 de fevereiro de 2016. 1) Como leis e profissionais do direito têm se posicionado frente a movimentos e fluxos cada vez mais intensos de pessoas e bens? 2) Podemos dizer que tais movimentos e fluxos estão fora de controle? 3) É possível legislar a respeito do que transita e é fluido? Entre as conclusões, destaco que categorias e instituições político-jurídico-clássicas, como Povo, Estado, Nação e Indivíduo estão aquém de questões, agentes e agências coletivos contemporâneos, cuja dinâmica de poder circula basicamente em rede. Acrescento que a antropologia, aberta a diálogos interdisciplinares e à percepção e ao entendimento desses sujeitos coletivos, pode potencializar uma ética baseada nos Direitos Humanos e alargar horizontes cognitivos.

Biografia do Autor

  • Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer, Universidade de São Paulo

    Docente do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP) Coordenadora do Núcleo de Antropologia do Direito (NADIR-USP) alps@usp.br - http://antropologia.fflch.usp.br/node/609

  • Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer, Universidade de São Paulo

    Docente do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP)

    Coordenadora do Núcleo de Antropologia do Direito (NADIR-USP) alps@usp.br - http://antropologia.fflch.usp.br/node/609

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Publicado

2018-12-28

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Como Citar

Schritzmeyer, A. L. P. . (2018). Direitos Humanos e suas circulações extra-legais: algumas reflexões antropológicas (A. L. P. Schritzmeyer , Trad.). Ponto Urbe, 23, 1-18. https://doi.org/10.11606/g7qw1b40