Análise dos efeitos da marcha suspensa na atividade eletromiográfica dos membros inferiores e irradiação motora aos membros superiores em lesados medulares
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v101i4e-173259Palavras-chave:
Eletromiografia, Marcha, Traumatismo da medula espinalResumo
A reabilitação na esteira com suporte parcial de peso (ESPP) nos indivíduos lesados medulares pode reproduzir de modo passivo a marcha, proporcionando-lhes a descarga de peso em membros inferiores (MMII) e a manutenção da postura ortostática. O objetivo do estudo foi analisar se, durante a marcha passiva na ESPP, existe irradiação motora de MMII aos membros superiores. Foram selecionados três indivíduos do gênero masculino, com diagnóstico de Traumatismo Raquimedular baixo (T10 e L1), classificados como ASIA A com preservação parcial de raízes nervosas. Os indivíduos foram submetidos a uma avaliação passiva da marcha na ESSP, utilizando a avaliação eletromiográfica dos músculos: bíceps braquial (BB), reto femoral (RF) e gastrocnêmio lateral (GL) bilateralmente e a uma análise estatística, incluindo testes de Shapiro-Wilk e de Levene, One way ANOVA, post-hoc Tukey HSD. Na condição clínica de repouso, observou-se menor ativação dos músculos BB bilateralmente, quando comparado aos músculos RF e GL, fato justificado pelos comprometimentos secundários advindos da lesão dos indivíduos. As condições clínicas do ciclo da marcha (CM) repetiram-se três vezes; no CM1 observou-se uma maior ativação eletromiográfica do músculo GL direito e uma menor ativação do músculo BB direito, e estatisticamente, GL direito e BB esquerdo demonstraram maior atividade média (resultados estatisticamente significantes). No CM2 o mesmo padrão de ativação do CM1 foi observado, no entanto o músculo RF direito reduziu seu limiar de ativação. No CM3 os níveis de ativação das condições anteriores mantiveram-se, no entanto, o músculo RF esquerdo apresentou aumento nos limiares de ativação eletromiográfica, quando comparado aos demais músculos. Com base nestes resultados, o músculo BB apresentou variações quantitativas na ativação eletromiográfica, determinando a presença de irradiação motora de MMII para superiores durante o CM. Em uma análise qualitativa, foi observado que durante as fases de apoio da marcha houve “picos” de ativação deste músculo.
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